A categoria de supermercado cresceu 540% em volume nas vendas de Black Friday deste ano. Entre dez dos produtos mais vendidos no e-commerce Mercado Livre, por exemplo, oito foram da categoria.
Fernando Yubes - SVP and Country Lead Mercado Livre Brasil
Segundo Fernando Yunes, que lidera a operação do Mercado Livre no Brasil, a inflação em alta deixou itens mais caros em segundo plano, e os consumidores, com o orçamento mais apertado, aproveitaram para encher o carrinho com produtos essenciais, incluindo papel higiênico.
O balanço do Mercado Livre a respeito da Black Friday é de crescimento comparado ao ano passado no valor total vendido, mas com uma combinação diferente: a categoria de supermercados cresceu 540% em volume e 310% em GMV (valor bruto de mercadoria).
Segundo o executivo, a plataforma ganhou participação de mercado. Dados do e-commerce apontam para crescimento de 5% a 6% no faturamento da Black Friday neste ano. Com o desconto da inflação, no entanto, as vendas ficaram até 5% menores na comparação com 2020.
A plataforma representa cerca de 30% das vendas no mercado digital, logo, é possível gerar uma visão sobre o que acontece na macroeconomia.
“O primeiro ponto é a redução do tíquete médio e o segundo vem do nosso esforço de desenvolver a categoria de supermercados no on-line. Ela é líder de consumo no Brasil, mas a penetração digital era menos de 1%, agora está na casa de 2%”, disse Yunes.
O período da Black Friday é conhecido pelos descontos especiais em produtos eletrônicos, eletrodomésticos, livros, e outros produtos. Porém neste ano, em meio a crise econômica que o país atravessa, as promoções de alimentos começaram a ganhar espaço nos supermercados.
Uma pesquisa da NielsenIQ|Ebit mostra que 14% dos entrevistados procuraram promoções de alimentos na Black Friday deste ano; o índice é dois pontos percentuais maior do que o de 2020.
Pela primeira vez, a categoria de alimentos apareceu na lista dos 10 itens mais procurados pelos brasileiros na data. O número de pedidos de alimentos e bebidas no comércio online cresceu 10%, e o volume de vendas, 17%.
Em tempos de inflação alta e orçamento curto, promoção serve para garantir o básico: abastecer a geladeira com o que anda em falta no prato.
Durante o ano todo, o preço dos alimentos não deu trégua. Pressionou mês a mês o bolso das famílias, principalmente das mais pobres, que têm o orçamento quase todo comprometido com os gastos mais básicos. É por isso que, neste ano, produtos do dia a dia entraram na Black Friday dos supermercados.
Segundo o Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, os preços dos alimentos subiram, na média, 8,81% na capital de janeiro a outubro.
Segundo Marcelo Osanai, líder de e-commerce da NielsenIQ|Ebit, “a inflação é um dos motivadores dessa nova tendência que a gente observa”, mas não o único.
Em nota, a Associação Paulista de Supermercados (Apas) disse que a Black Friday já é a segunda data em que os supermercados mais vendem no ano, perdendo apenas para o Natal. Informou também que, no terceiro e no quarto trimestres, as redes costumam elevar os estoques de 30% a 40% para atender o crescimento na data.
“O crescimento de alimentos e bebidas, ou seja, esses produtos mais comuns dos supermercados, ele é uma tendência que veio com o crescimento do e-commerce durante a pandemia. O consumidor foi obrigado a buscar o comércio eletrônico para se abastecer e agora essa tendência continua e principalmente concentrada na Black Friday, com as promoções.”
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